Engraçado o rumo que as coisas tomam.
Coisas que deveriam aproximar pessoas fazem com que elas se afastem, o sonho de uma maioria se torna o pesadelo de alguns, o fim tão próximo e ao mesmo tempo um começo.
Pensando em tudo isso e vivendo tantas contradições é que Lídia foi parar onde estava, na beira da pedreira.
Por algum motivo que ela ainda desconhecia seus pés a tinham levado até lá, seu corpo era atraído para aquele lugar por uma força muito maior do que ela, tão maior que não se tinha visto caminhar pra lá, só se deu conta quando chegou.
Olhar para a frente se tornava então o impasse da vez: deveria ter medo do abismo escuro que se abria lá ou se sentir plena e livre com um céu tão bonito sobre sua cabeça.
Será que aquele era o propósito oculto de seu subconciênte, o salto? O que ela alcançaria primeiro: as estrelas ou o abismo?
Respirou fundo, tomando coragem pra fazer aquilo que acreditava ser o que seu corpo queria e, quando abriu os olhos soltando o ar percebeu.
Não era o salto, mas o abismo em si. O doce gosto de contradições e perigos, ela vivia entre céus e abismos e se mantinha sempre no meio.
Deu um passo à frente e... caminhou como se o ar fosse uma sólida ponte de concreto.
Em cima da ponte invisivel sorriu, dançou, rodou, sentiu... deu meia volta e caminhou de volta para a borda.
Deixou a pedreira sem olhar para trás, já havia achado a resposta.
Que não tenta alcançar o céu não corre o risco de cair no abismo, e quem não se entrega ao desespero profundo do abismo vai sempre estar um passo mais próximo do céu.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
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Muito bom! A ausência de grandes expectativas nos protege de grandes decepções. O perigo é que a gente pode acabar tendo a vida amorosa, familiar, relacional, de uma cebola.
ResponderExcluirGostei do teu blog.
Abraços!
escreve alguma coisa!
ResponderExcluirAbraços!
Sempre acompanhei o blog e nunca comentei(acho que a autora prefere privacidade). Mas realmente acho que ela abandonou esse espaço, não?
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